Os sonhos de quem?

Numa viagem sonolenta de ônibus após o almoço... Leblon, Ipanema, Copa, Botafogo... comecei a reparar em algumas coisas e me surpreendi. Primeiro, como não podia deixar de ver, a motorista era uma mulher. Não que isso seja um absurdo, mas é que eu, pelo menos, não estou tão acostumada com isso. Mas incrível perceber a garra com que ela manejava o volante (garra pela dificuldade devido ao tamanho e pela direção dura, talvez, mas também a garra de uma mulher). Com destreza, aquela moça, da qual só pude ver o rosto quando ela se levantou para dar lugar a um outro motorista, mostrava que mulheres também podem e sabem dirigir. Sim! Mulheres ao volante!!
Mas o que mais me chamou a atenção foi quando ela, conversando com o trocador sobre as sequentes paradas que tinha que fazer, soltou: - Qualquer dia, eu vou ter meu taxizinho. Aí vai ser um passageiro por vez. Um pra lá, outro pra cá -. Aquela frase realmente me prendeu e me levou a um discurso interno e clichê, porém fundamental. O que ela queria? Um simples táxi. E muitas pessoas sonham com viagens internacionais, carros importados, dias de compras nas lojas mais caras da cidade, restaurantes chiquérrimos e que dão verdadeiras facadas no bolso (e no coração) do pobre sujeito. Tudo isso contra um carro amarelinho e listra azul no meio.

Engraçado isso: o que é um sonho? Depende de quem? Não sei. É uma pena que nem todos possam sonhar igual ou que, pelo menos, os sonhos não se nivelem.